A decisão unânime do Federal Reserve de manter os juros entre 4,25% e 4,50% ao ano era amplamente esperada pelo mercado e foi interpretada como um movimento de cautela diante de um cenário cada vez mais incerto. Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, o comunicado da reunião do FOMC desta quarta-feira (7) reforçou que a economia americana ainda cresce em ritmo sólido, mesmo com os efeitos das novas tarifas comerciais elevando as importações e afetando o balanço das exportações líquidas.
O Fed destacou que o desemprego segue em níveis baixos e o mercado de trabalho continua sólido, mas admitiu aumento na incerteza quanto ao futuro da economia. “O Comitê ressaltou que está atento aos dois lados de seu mandato e, desta vez, destacou a elevação das chances de altas tanto no desemprego quanto na inflação, sinalizando um cenário mais desafiador após as medidas econômicas impostas”, afirma Sung.
Em entrevista após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu que os impactos das tarifas estão acima do previsto e ainda difíceis de mensurar. Ele deixou claro que o banco central não tem pressa em ajustar os juros. “Há uma decisão clara de esperar, ver e observar. Quando as coisas se desenvolverem, podemos agir rápido se for apropriado”, afirmou Powell.
Para Sung, o cenário-base da Suno é de desaceleração da economia sem recessão, sustentado por um mercado de trabalho ainda equilibrado. No entanto, ele alerta que, com o aumento do risco de estagflação — inflação alta combinada com atividade fraca —, o Fed terá menos margem de manobra para cortes de juros.
“Caso o mercado de trabalho apresente sinais mais claros de perda de dinamismo, haverá espaço para que o Fed intensifique os cortes ao longo deste ano”, avalia.